sábado, dezembro 30, 2006

Biquinis...

Fui convidado por um amigo querido a escrever sobre o biquini para uma exposição sobre o mesmo que ocorreu na Galeria CIMO agora em dezembro. Pela primeira vez tive o luxo de ter um texto revisado por uma profissional bem bacana, que o deixou digamos assim... hummm... mais adequado para o evento. A exposição ficou bem bacanérrima e a noite de abertura rendeu...
O verão promete...


O verão se aproxima e com ele as férias, as praias e os clubes lotados, o sol, o calor, os sonhos, os amores, os desejos e devaneios, os corpos esculturais (ou não) e, principalmente: o desejo de alegria inesgotável.
Se moda é linguagem e a roupa carrega uma mensagem, o biquíni é um polêmico ícone da feminilidade, da liberdade e da alegria (salvo raras exceções, as mulheres carregam uma atmosfera de felicidade ao usar um biquíni).
Antes dele, por volta de 1907, na Côte D?Azur, as mulheres ficavam descalças e mostravam as pernas só até os joelhos. O resto ficava por conta da imaginação.
Em 1946, apesar do estranhamento e descontentamento que causou à sociedade puritana e conservadora da época, o impacto da criação do biquíni já era um sinal de que os verões não seriam mais os mesmos.
De lá pra cá, muita coisa mudou e o biquíni passou por inúmeras mudanças de tamanho, modelagem, cores, estampas e materiais, refletindo o comportamento das gerações que fizeram a história.
Passando pelas formas femininas e bem estruturadas do New Look de Dior, à chegada do homem à lua e à corrida espacial; à sexualização da estética ?Lolita?; à televisão promovendo a aproximação cultural; às divas Brigitte Bardott, Ursula Andrees, Marilyn Monroe, Jane Fonda; ao Havaí e aos filmes de Elvis Presley como válvula de escape para a realidade da guerra do Vietnã; à inversão de papéis e à androginia; à Op e à Pop Arte; ao psicodelismo lisérgico; Emilio Pucci; aos hippies, aos freaks e ao festival de Woodstock; ao Flower Power; ao rock e ao pop; ao futurismo de Pierre Cardin, Paco Rabanne e Courrèges; à era Disco; ao culto ao corpo e à aeróbica da década de 80; à multiplicidade de estilos a partir da década de 90 e, finalmente, chegando aos anos 2000, a roupa expressa um desejo de se transformar em meio de comunicação cada vez mais individual e emocional.
De bojos estruturados e calcinhas amplas às invenções brasileiras como a tanga, o asa-delta e a ousadia do fio-dental; dos motivos românticos, florais e geométricos aos minimalistas; das cores intensas aos clássicos de inspiração olímpica em preto e branco; as possibilidades são infinitas assim como as mulheres e seus desejos.
A mulher quando escolhe usar um biquíni como traje de banho não é apenas por sua funcionalidade ou por uma escolha estética. Ela deseja (inconscientemente até) mostrar seu corpo, despertar desejos e a imaginação de quem a observa.
Quer exibir sua liberdade sexual e exercitar seu poder de sedução, mesmo que de maneira calma e doméstica ou de maneira mais ousada (vide episódio Cicarelli dentre outros).
Ao contrário dos clubes que tradicionalmente são elitistas e cheios de regras, as praias sempre foram territórios livres onde convivem zona sul e favela. E tem biquíni para todo mundo, para cada tamanho de bolso e para cada tipo de vontade. Tem modelo para seduzir o gringo na busca por uma vida melhor e tem para tomar champagne e fazer carão em luxuosos iates ou na piscina do Copa.
Peitudas, siliconadas, despeitadas, exuberantes, branquelas, morenas, loiras, oxigenadas, negras, bronzeadas, enfim, mulheres em macro e micro biquínis, em mais um verão, irão despertar a libido de garotos, marmanjos e velhotes, assim como sempre foi e sempre será.
Independente da sua idade, dos seus lugares, sonhos, gostos e de suas vontades, seu verão pode acontecer no Rio de Janeiro, Búzios, Belo Horizonte, Ibiza, Nice, Saint Tropez, Cannes, Noronha, Cabo Verde, Cabo Frio, Ilhéus, Angra, Cancun, Bonito, Natal, Fiji, Casablanca, Guarapari, Ceará, Paquetá ou Ilha de Itamaracá. Não importa. Pode até mesmo ser no Country Clube de qualquer lugar. Ainda assim o biquíni vai estar por lá e você só não vai ter é como ignorar.